(As Nuances do Amor)
por Márcio Albuquerque
Crônica premiada no 2º Concurso Literário - SINDJUS - DF
Uma idéia me deixou intrigado e ao mesmo tempo instigado a refletir. Na mensagem subliminar, uma correlação entre pessoas, estrelas e cometas.
Comecei a pensar e naveguei nas ondas deste pensamento, pois são intrigantes as correlações que fazemos, as associações que traçamos, grande parte delas com razão, com efeito, com discernimento, servindo não só para a reflexão, mas, também, para o esclarecimento e orientação sobre muitos temas.
As estrelas vivem solitárias, mas quando unidas formam uma bela constelação. As estrelas brilham por si só, mas, quando únicas ou isoladas, são apenas pontos no universo, não chegam a formar desenhos, não alimentam ilusões, não atraem pessoas a dirigirem seus pedidos a elas. Juntas trazem luz, orientação, tranqüilidade.
Assim são as pessoas no amor, pois sozinhas são interessantes, são inteligentes, mas não passam de meros dados estatísticos. São, apenas, pessoas. Amando umas às outras, passam a formar pares, duplas, casais, amigos, família, comunidades... aí está a beleza da união dos brilhos e das formas.
As estrelas pedem permissão para passar, para ficar. As estrelas são sempre esperadas, se tornam saudosas.
Os cometas, por sua vez, também têm brilho, desenhos envolventes, passagens fulminantes, que destroçam regiões, que iludem com a beleza física, que atraem para si outros corpos, mas não são portadores de sentimentos, pois que essa união é um interesse básico, para que, associado a outros, ele possa cumprir sua meta de devastação.
Ora, está visualizada a nítida correlação, pois a paixão, que pode se mascarar ou fantasiar de amor, é um cometa, assola corações, destrói os sonhos alheios para que as pessoas passem a viver os sonhos dele.
Os cometas não são convidados a entrar na vida das pessoas, invadem, pois que entendido está que não precisam permissão. Os cometas não inspiram desejo após sua passagem, sua nostalgia é oca, infértil.
Muitos são os cometas que passam por nossas vidas, eles até têm seu papel e sua importância em nossas vidas, pois que devem servir para nosso aprendizado e discernimento no que se refere à vida, sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presença ou, o que é pior, manchando nossas trilhas com seu rastro de inveja, imperfeição e incoerência.
Se observarmos, porém, o número de estrelas, além de ser superior, são seres que ficam impregnados em nossa alma, sua luz serve de auxílio na escuridão muitas vezes, fazendo-se presentes em formas de novos amigos que nos conduzem a atravessar as fases mais difíceis. São pura energia, vida, calor.
Sejamos, então, estrelas e saibamos utilizar os cometas em nosso favor ou afastá-los quando insistirem em permanecer em nossas vidas. Não permitamos que deixem rastros em nossa história, no máximo uma vírgula, um intervalo, pois não merecem menção, atenção ou deferência.
Resta-nos o cuidado para não nos tornamos cometas, pois a paixão é fascinante, pode levar à diversidade, mas também ao desencanto.
A estrela pode não ter tanta variedade ou mobilidade ao seu alcance, mas a qualidade de sua presença é superior, sem dúvida.
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